TIRANDO OS PERSONAGENS DO ARMÁRIO
Marcia Zanelatto
[BRASIL]

  • Fala Temática
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Categorias

Fala Temática

Data

10/NOV

Hora

17H

Local

CASA DE CULTURA LAURA ALVIM-VARANDA

Ingresso

ENTRADA FRANCA

Diversidade sexual e de gênero na dramaturgia contemporânea

Em tempos de crise moral e ética como a que estamos vivendo, os narradores são tão responsáveis pela manutenção vida quanto os médicos. Ou narramos as pessoas LGBTs e assumimos a existência delas nas histórias como na vida, ou não estaremos fazendo o nosso papel.

Marcia Zanelatto é uma dramaturga marcada tanto por batalhas cotidianas como por sutilezas e devaneios poéticos. E na plena vivência, ou no choque entre esses dois mundos, ela busca uma poética feminina para personagens femininas: “Tempo de solidão” (2009), vencedora do concurso Seleção Brasil em Cena; “ELA”, a vivência da perda para um casal de mulheres, Prêmio Botequim Cultural 2017, também indicado aos prêmios Shell e Cesgranrio; “Deixa Clarear” (2013), homenagem à cantora Clara Nunes; a peça “Desalinho” (2014),  inspirada no universo da poetisa Florbela Espanca, Prêmio APTR de Melhor Texto 2014, “Eles não usam tênis naique”, a história de uma jovem no tráfico, e a inédita “Meninas, Meninos e Menines”, uma comédia jovem sobre a pós-generidade. Além das peças, Marcia também empresta sua escrita à literatura de viés biográficos, assinado “Filha, mãe, avó e puta”, sobre a prostituta Gabriela Leite que morreu em 2013.  “Thammy: nadando contra a corrente” sobre o processo de transexualização de Thammy Gretchen. É jogando luz sobre as trajetórias de afirmação que a autora busca retirar a mulher da condição de “caixa preta da Humanidade”, como diz.

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Para escrever uma peça de teatro
Torça e retorça o tempo até tirar-lhe o sumo do incompreensível sentido do acaso.
Tire a casca de cada personagem até suas palavras fazerem soar seus segredos.
Não os deixe caminhar no equilíbrio que esconde as contradições.
Faça com que a estrutura seja sólida, mas que permaneça escorregadia para todos os envolvidos. Exija-lhes atenção.
Não toque em nada de maneira oportuna. Invada a poesia. Invada o assombro.
Sopre a chama da humanidade para que os homens pareçam de novo animais selvagens.
Não tenha medo e não queira privilégios, trate da morte.
Acima de tudo, trate do homicídio, sempre que ele estiver pesando o ar que entra em suas narinas.
A beleza vem depois, bem depois, da verdade surgida.
Essa, afinal, é a beleza.
Marcia Zanelatto